domingo, junho 02, 2013

Solidão

O cheiro de sabonete importado domina o quarto. De olhos fechados, meu quarto de hotel em Macapá poderia ser em qualquer lugar do mundo. O ar gelado e o cheiro de relva de Roger & Gallet me transportam pra longe. Enquanto agradeço à tecnologia pelo contato com meus amigos e meu amado, sinto a cama vazia sobrando por todo lado. Sozinho, assim como no lobby, comendo uma massa congelada com um vinho individual. Sozinho assim.
Fantasias mil na cabeça. Estou em Londres. Estou em Amsterdam. Contas mil enquanto tento visualizar minha viagem de férias. Seriam as férias uma pequena fuga, uma forma de fazer de conta? Ainda não sei... Mas espero por elas... Como quem acordou de um sonho e se esforça para dormir e retomar de onde parou.

Limpando pra reabrir...

Sem planos, olhou para o chão sujo e caixas abertas espalhadas e disse: Talvez seja hora de recomeçar.
Catálogo de emoções, relatório de ocorrências, não sabe ao certo.
Apenas que retoma o fôlego e se prepara para o novo, mais uma vez.
Afinal, nunca haverá um fim ao novo. Pois o que é novo hoje pode já ter sido velho antes. Tudo se desmancha e se reconstrói. Tudo se reorganiza.
Só aquilo que foi deixado de lado não se renova, ao menos, até que seja tocado.

terça-feira, abril 05, 2011

Pequenos elogios

Curioso como alguns momentos do dia podem tornar esse dia inteiro mais interessante!

Hoje, em um início de voo, logo após o término do embarque, orientei um passageiro com relação a um procedimento, nada muito sensacional, embora incomodo, seguindo com minhas funções a bordo. Ao passar por outro passageiro, ele me chamou e disse que a forma como eu havia tratado a situação havia sido exemplar, que em outro voo ele havia sido orientado por um comissário sobre a mesma questão e saiu muito ofendido pela abordagem do colega, quase violenta, enquanto eu entendi que o passageiro poderia simplesmente desconhecer as normas de segurança e passei as informações necessárias sem estardalhaço.

Ao sair da aeronave o segundo passageiro ainda deixou registrado que faria um elogio. Amei!

sexta-feira, outubro 08, 2010

Amor a São Paulo

Na medida que nos aproximamos do mês de Novembro, sinto o gostinho de me aproximar de um marco: Cinco anos vivendo na Paulicéia Desvairada.

Cinco anos quase completos! Difícil imaginar que tanto tempo passou, ao menos sem lembrar da quantidade de feitos e situações, visitantes, saidinhas, comidinhas, várias "inhas" que nos ajudam a registrar a passagem do tempo.

Se no passado, após minha chegada, eu tinha dificuldades em entender essa grande confusão, agora me sinto acolhido e feliz. Tantos amigos, tantas referências, tantos lugares indispensáveis...

Com certeza demora um pouco pra se adaptar com o que é viver em São Paulo. Mas depois que se aprende, é algo que não se esquece mais!

Segue um pouco de Mário de Andrade:


São Paulo! comoção da minha vida...
Os meus amores são flores feitas de original...
Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e Ouro...
Luz e bruma... Forno e inverno morno...
Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes...
Perfumes de Paria... Arys!
Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!
São Paulo! comoção de minha vida...
Galicismo a berrar nos desertos da América!


Os caminhões rodando, as carroças rodando,
rápidas as ruas se desenrolando,
rumor surdo e rouco, estrépitos, estalidos...
E o largo coro de ouro das sacas de café!... (...)
Oh! este orgulho máximo de ser paulistanamente!!!

quarta-feira, abril 15, 2009

Resposta: Cinco coisas que as companhias aéreas deveriam ter à bordo, mas não têm.

Olá, poucos leitores!

Faz um bom tempo que não posto, eu sei. Muitas situações envolvidas. Feliz ano novo, feliz aniversário, feliz páscoa, tanto faz.

Resolvi escrever agora porque acabo de escrever um comentário no site Meio Aéreo, que acompanho diariamente.

Acontece que uma menina chamada Sara postou aqui o tal artigo entitulado "

"Cinco coisas que as companhias aéreas deveriam ter à bordo, mas não têm."

No artigo, que vocês podem ler por conta própria clicando no link, ela enumera:

Café mais saboroso.

Câmeras no Cockpit e na galley.

Corredores espaçosos.

A minha própria programação de entretenimento.

Dispensa com bebidas de fácil acesso


A parte dos corredores mais espaçosos eu nem comentei mas quanto ao resto, escrevi o que segue abaixo:


Oi, Sara,
Não sei de onde você tirou essas idéias tão negativas mas vou falar um pouco do que sei.

Já estive em três empresas aéreas aqui no Brasil. Uma servia café instantâneo, tipo Nescafé, que é difícil ficar bom a não ser misturado com leite, né? A outra não servia café de jeito nenhum e pronto. A atual, uma certa vermelha que eu gosto muito, serve um café super nobre chamado “Spress”, eu particularmente adoro! Mesmo na classe econômica e nos vôos domésticos, é esse o café. Na business e first você pode pedir um espresso individual feito na hora!

O que acontece algumas vezes, ainda mais num vôo com muitas etapas corridas ou num vôo longo demais, é que o café fica velho na cafeteira, mantido aquecido por muito tempo. Nesse caso, se houver tempo, o jeito é perguntar com jeito pra um dos comissários se tem como passar um café novo que o que você recebeu está velho. E peça café sem açúcar, com envelope de açúcar (ou adoçante) servido em separado. Quando o café é preparado pra serviço ele costuma ir adoçado e pode ser que não esteja do teu agrado.

Agora câmeras? Uma que além de ser invasão de privacidade, não seria nada bom pros comissários saberem que não podem relaxar nem por um segundo! Imagina ter que comer sendo observado… Só pra você saber, em algumas aeronaves (em diferentes empresas), o comandante tem telas que mostram as atividades nas galleys e no corredor do avião mas por motivo de segurança, pra ele ver se tem algo anormal acontecendo, como passageiros indisciplinados.

Na empresa em que trabalho hoje, nos aviões mais novos, é possível assistir o pouso e a decolagem com câmeras localizadas no trem de pouso, o que oferece uma visão panorâmica do local sobrevoado. Isso é mais interessante do que câmeras monitorando a tripulação, não acha?

Agora sua própria programação de entretenimento? Não é mais prático você levar seu iPod ou outro tocador? As empresas hoje oferecem tomadas pra você manter o aparelho carregado em vôos longos justamente pra isso! E nos aviões maiores, com sistema de entretenimento mais moderno, você pode escolher entre cinco filmes de lançamento, dúzias de séries, programas exclusivos, possibilidade de pausar e continuar a qualquer momento, centenas de canais de música, até mesmo jogos interativos com outros passageiros… E essa galeria aumenta bastante na business e first!


Agora bebidas de fácil acesso? Peça uma garrafinha de água pra deixar na tua poltrona! Na business todos os pasageiros recebem garrafinhas de 500ml depois do serviço. Na econômica, de vez em quando, pode conseguir. Certas empresas entregam copinhos de 250ml fechados que você pode levar.

Pra finalizar, a “caixa de sugestões” que você fala é o site das empresas. Lá você pode encontrar um “fale com o presidente”, “fale conosco”, “opinião”, etc… Use esses canais! Relate situações agradáveis e desagradáveis com a mesma intensidade. O tripulante também gosta de receber um elogio pelo bom atendimento, sem contar que isso melhora a imagem dele com a empresa, enquanto uma reclamação exagerada pode virar uma demissão….

Espero que você seja mais feliz em suas próximas viagens!

terça-feira, dezembro 09, 2008

Nervous Flyer

Depois de muito espera, ontem retirei a nova CHT (um tipo de carteira de habilitação pra tripulantes) e aguardo até que a escala de vôos seja publicada para começar a voar na nova empresa. Pra relaxar um quadro de humor que eu nego que reflita a realidade. Mas reflete. De muitos. Enjoy your flight!

quarta-feira, novembro 26, 2008

Do Rio. De Janeiro. (post pós-postado)

ESTOU no Rio.

Gosto de enfatizar que “ESTOU” caracteriza uma condição transitória, como bem identificam nossos queridos e distintos verbos SER e ESTAR. Estou, do verbo “ logo não vou mais estar”.

Diferente de quando digo que SOU CARIOCA (aquilo que impunemente se diz de quem nasce na minha cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro), ESTAR no Rio é algo que logo vai mudar de volta ao normal. Para mim, ao menos, eu digo. Quanto a SER CARIOCA, quanto a isso, nada posso fazer a não ser viver conformado e feliz, carregando a condição de carioca, ignorando que existe uma distância entre o ideal e a realidade dessa condição. Do carioca idealizado eu tenho um pouco em mim. Do carioca real, tenho vergonha.

O mundo diz que o carioca “se acha”. Mentira dizer isso. O carioca não se acha, tem CERTEZA. E do alto dessa certeza, está constantemente reafirmando, com orgulho na voz, o quanto é melhor e mais esperto que todos os outros povos. Mesmo daqueles povos que ganham muito mais que o carioca e gastam seu rico dinheirinho pagando o salário... Do carioca. Nesse pensamento dá até pra acreditar que o carioca seja mesmo melhor, afinal, é preciso dominar muito esse mistério carioca da esperteza, da malandragem, pra convencer os povos endinheirados a vir pra cá e pagar o salário do mesmo carioca que presta um atendimento de péssima qualidade, que o assalta, o diminui... Mas até aí, tudo bem, vai ver que o carioca tem mesmo esse direito, afinal, que outro povo consegue seduzir tanto os outros povos do mundo sem ter nenhum atributo especial pra oferecer?

Já sei, a essa altura você deve estar se perguntando: Mas e as bundas bronzeadas da praia de Ipanema, adornadas por minúsculos fios dentais feitos da mais nova moda dos tecidos reciclados? E os corpos masculinos esculturais jogando vôlei de praia? Tudo bem, a praia tem seus méritos. Aliás, o carioca é muito bonito por natureza e pior de tudo, sabe disso.

A praia tem seu poder de democratização. Lá, ricos e pobres flertam uns com os outros, não há muito o que os separe. Nús, todos somos iguais. Nem mesmo a fala os distingue, já que aqui, mesmo quem estudou bastante tem orgulho de falar como se fosse um marginal. Falar e agir. Aliás, devem mesmo ser marginais, porque no verdadeiro marginal existe a dificuldade do acesso à cultura e à informação.

Acredito que o Rio já tenha sido, sim, uma cidade maravilhosa. Hoje, só o que me traz de volta pra cá são velhos amigos e familiares. E um certo gostinho de lembrar, igualzinho meus pais falam, que quando eu era mais novo, o Rio era bem diferente. Duvido que fosse tão melhor quanto eu achava. Mas me perdoem. Na época, eu era o carioca que acreditava ser o centro do universo.

Pobre de mim.

terça-feira, novembro 25, 2008

Oi? Passado! A onda? Ae Iou!

Desabafo puro.

Como assim que São Paulo nem assimilou a chegada da Oi na terra da garoa e já tem outra querendo dividir o espaço de "mais nova opção em telefonia celular num mercado tão saturado que é difícil fazer uma chamada nas horas em que você mais precisa". Como assim?

Seria mentir dizer que o paulistano nem se deu conta da chegada da Oi, afinal, qualquer cidadão que saia de casa um mínimo de uma vez por semana já foi parado na rua por algum louco de roxo, quase adventista do sétimo dia, querendo te convencer a desbloquear o seu celular para novas experiências sexuais e enfiar nele um chip da Oi, pra "testar", "ver se gosta". No mais perfeito estilo "se tiver bom deixa ficar".

Agora DU-VI-D-O-DO que você ou qualquer outro caríssimo paulistano, que sofra desse mal de nascimento ou por opção (como eu, orgulhosamente), já tenha visto alguma propaganda massacrante dessa AE IOU. Qualquer! Nenhuma? Bem vindo.

Gente, o que aconteceu, acabou a criatividade do mundo? Começando por uma empresa com esse nome, não demora teremos outras como "ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ" (estou em adaptação ao retorno glorioso do KWY).

"Nos finais de semana, ligue no meu TIM. Durante a semana, dias pares, ligue no meu Oi. Dias ímpares, ligue no meu Claro. No período da noite, ligue no meu AE IOU. E se um estiver desligado, vá tentando cada um dos outros até conseguir ou deixe uma mensagem".

Insólito.

Mas depois de tudo isso, boas vindas a essa concorrente de gosto duvidoso. Quem sabe assim as outras não começam a se dar conta que não estão sozinhas? Monopólio (poligopólio?) nunca é bom.


P.S.: Péssimo o vídeo proto-viral usando pseudo-celebridades do YouTube!


Vídeo de demonstração do lançamento:

segunda-feira, novembro 10, 2008

Retomando

Mais de dois anos depois (!!!) decido retomar esse cantinho.
Muita coisa mudou de 2006 pra cá: Passei com muito gosto por dois uniformes e estou no terceiro, com um novo e desejado par de asas no peito, as mesmas asas que tanto persegui mas só agora pronto para usá-las. Perdi amigos, uns por opção, outros, pelo destino. Perdi uma irmã de sangue e ganhei um irmão que não é de sangue mas é muito além disso. Me entendi com São Paulo e hoje vivemos um caso de amor muito feliz. Me desentendi de vez com o Rio de Janeiro e ainda sinto muito pelo que ele se tornou. Enxerguei um novo valor em algumas pessoas que cresceram na minha vida, inclusive deliciosos amigos de Salvador, de forma que tenho aprendido que nada acontece por acaso, nossas vidas são tão intimamente ligadas sem que houvesse nem possibilidade de que isso tudo acontecesse...
E é depois de tantas mudanças que resolvi retomar meus rascunhos aqui, pra exercitar por escrito o "penso, logo, existo".
Não esperem frequência nem sentido. Escrever não me completa, é quase um expurgo. Sinto, logo, escrevo.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Casos

São Paulo é um caso de amor e ódio.

Minha relação com essa cidade se define assim.

Tento dançar com ela todos os dias, no telhado dos mesmos prédios de onde ela quer que eu me jogue. Mas eu resisto.

Como os cacos de vidro cruzando pelo ar que ela atira em minha direção refletem a luz da lua magnificamente, me encanto e esqueço que ela me agride e deixo sair um sorriso.

Tão longe e tão perto ao mesmo tempo, tão perto das minhas realizações, tão perto do meu amor, tão longe dos meus amigos, tão longe da minha família...

Tão perto do Rio que se eu subir no terraço do Copan e apertar bem a vista posso fazer de conta que consigo enxergar o Pão de Açúcar.

Tão longe que quando choro ninguém pode me ouvir.

Agora estou de mal. Mas um dia faço as pazes.

São Paulo

Aqui estou.

Quase um ano depois da primeira vez que enfiei os pés nessa terra pela primeira vez, cheio de determinação, cheio de vontade, cheio de certezas e dúvidas.

Quase um ano depois da primeira vez que fui embora daqui contrariado, meio conformado, confuso, inseguro, abalado e com mais dúvidas ainda.

São Paulo finalmente me acolheu. Como uma falsa amiga.

Com todo o seu tamanho que de tão grande passa a ser ridiculamente pequena, a cidade das oportunidades mostra-se ridiculamente vazia, incapaz de te oferecer qualquer pedaço de satisfação que não seja cafajeste demais ou esnobe demais.

Querendo perverter minhas certezas a solidão da multidão me invade e o silêncio ensurdecedor do vazio que habita entre milhares de prédios insiste em me acordar no meio da madrugada.

Ela tenta me matar aos poucos, mas eu não deixo, a cidade que inebria e engana, tentando te fazendo acreditar na sua beleza o tempo todo só se prepara pra te soterrar.

Com todas as minhas forças escolho ser mais forte e invento um novo eu capaz de suportar.

Agora que estou vencendo, assim como tanto querem todos os malucos que abandonam suas terras para vir pra cá, essa terra cafetina me cobra o preço que bem entende pra comer as esquinas de suas ruas.

Enquanto celebro as vitórias do trabalho e do amor ela espera na porta, aguardando pelo primeiro momento de solidão pra me atormentar e me lembrar que aqui o amor é mais caro.

Aqui que diz ter tudo na verdade não tem nada. É o vazio.

De tudo o que consegui até aqui nada eu devo a você, São Paulo.

quinta-feira, maio 11, 2006

Mission: Impossible III

Fui assistir ontem ao filme "Missão: Impossível III" no Cinemark Shopping Metrô Tatuapé com Rick, Nanda e Karina. O que tenho a dizer? MA-RA-VI-LHO-SO! E não estou imitando nosso querido amigo Joca não viu? O filme realmente me surpreendeu e pela primeira vez tem uma história de amor forte e envolvente além de ação bastante convincente. Prenda a respiração e aguente firme por todas as reviravoltas do filme que não tem erro, vai sair com um sorriso no rosto e a certeza eu estou: É o melhor da série até hoje!
J. J. Abrams acertou a fórmula, possivelmente por ele mesmo ser fã da série e do estilo, tendo feito um longo laboratório com sua série de TV Alias (há quem diga inclusive que na última temporada Alias estava bem parecido com o clima de M:I) e a estética de Lost, presente em M:I 3 foi bastante acertada, com imagens cruas e a temperatura da cor acompanhando as cenas divinamente.
Corram logo pra assistir! Americano é tudo doido e a bilheteria lá está em baixa por conta da exposição da vida pessoal do Tom Cruise e por conta disso é bem possível o filme ser soterrado por outros lançamentos logo logo, não deixe de ver esse no cinema, vale muito a pena!

sexta-feira, maio 05, 2006

Calor aconchegante que envolve

Me pego lendo textos antigos.

Alguns nem tão passados assim mas nem por isso menos importantes.

Me deparo com uma criança que vive à flor da pele, sempre botando pra fora tudo o que sente, o que sentiu, o que quer sentir... Você.

Lembra daquele calor confortável que uma vez te disse que senti me envolvendo? Daquela vez em que eu quase não consegui me abrir com medo e incerteza? Daquela vez em que nossa música tocava e nossos corações batiam ritmados por um fio? Pois é, senti denovo aquele mesmo calor! Foi sem querer, sabe? Sem esperar também.

Olhando para trás e percebendo quanto caminho já passou e quantas histórias já vivemos...

Foi mais ou menos nessa hora, quase entre o ponto em que você pensava em desistir mesmo querendo e o ponto em que tudo girava ao teu redor e ao meu redor, ouvindo coisas que não podíamos ver ainda, andando sobre o fogo sem medo, ou quem sabe até com medo sim, mas com muita vontade de vencê-lo...

Foi mais ou menos aí que tudo mudou, mais ou menos aí que senti aquele aconchego no passado e aí também senti novamente hoje.

Descobri que quando perdemos tudo é aí que ganhamos. Nas dificuldades encontramos o amadurecimento.

Na fé que inventamos para manter a esperança, acho que foi bem ali que comecei a ver o amor.

É, verdade.

quarta-feira, abril 26, 2006

Varig: o fatalismo da imprensa não sobrevive à dedicação

Data: Segunda-feira, 24 de Abril de 2006 (16:35:18)

Nunca uma empresa privada foi alvo de uma campanha e de manchetes tão violentas, publicadas simultaneamente e de forma sincronizada, defendendo o fim da companhia e dos seus quase dez mil postos de trabalho.

Será necessário que o mundo acadêmico analise o comportamento da imprensa brasileira no caso Varig. Neste cenário, o professor Alberto Dines, um dos mais espeitados jornalistas brasileiros e que nos últimos anos tem analisado sem dó em piedade o comportamento da nossa mídia, encontrará muita matéria-prima para o Observatório da Imprensa, que foi um projeto original do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e hoje é mantido pelo Projor - Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo.

Nunca uma empresa privada foi alvo de uma campanha e de manchetes tão violentas, publicadas simultaneamente e de forma sincronizada, defendendo o fim da companhia e dos seus quase 10 mil postos de trabalho.

Que tanto mal teria cometido a Varig para ser alvo de tamanha fúria? O Jornal O Estado de São Paulo defendeu em editorial o fim da empresa. A Revista Veja elencou razões para o Governo não ajudar a Varig. A Folha de São Paulo chegou a anunciar o fim da empresa. O gaúcho Zero Hora deixou de lado o bairrismo e também decretou o fim próximo da sua conterrânea. Era como se todos torcessem para que o fim chegue logo e houve até jornal que em tom de obituário resolveu contar a história da Varig no seu site. O mais grave é que, por ter os grandes jornais serviços noticiosos que alimentam a imprensa de todo o país, estas matérias ganharam espaço em dezenas de outros jornais no Brasil. Apesar da "morte anunciada" nas manchetes a empresa continuou voando, com aviões cheios, passageiros cativos e atendidos por cordiais tripulantes.

Por que tanto pessimismo e disposição de colocar a Varig no chão? O pior é que por ser uma empresa privada e que depende do fluxo de passageiros as próprias manchetes poderiam ter contribuído para se transformar em realidade. O sensacionalismo da mídia poderia ter provocado uma corrida, afastando de verdade os passageiros e iniciando um ciclo de sufocamento.

Num primeiro momento, o susto realmente aconteceu e a engrenagem quase foi travada. Não apenas o mercado ficou assustado com o noticiário, também o corpo funcional ficou abalado. Foi a primeira vez que a companhia sentiu um olavanco tão forte na sua receita e no seu horizonte. Afinal a morte da Varig era anunciada com dia e hora marcada. Quem imaginaria que a imprensa brasileira seria tão irresponsável de assumir tal postura. A credibilidade inicial das manchetes foi se evaporando com o passar do tempo.

O passar dos dias ajudou a superar a morte anunciada. De quinta, pulou para a semana seguinte e o fim não chegou como torciam os mórbidos jornalistas. Os primeiros acenos não vieram de Brasília como se esperava, ou de nenhum entreposto do poder concedente. Pelo contrário, o Governo Federal jogou mais lenha na fogueira. A reversão do quadro se deu com uma corajosa postura do juiz titular da 8ª Vara Empresarial José Roberto Ayoub, que reuniu a imprensa e, ao contrário do que os repórteres nervosamente esperavam, não anunciou o fechamento da empresa, mas que tudo estava normal e que a Varig era viável. Na ante-sala do juiz um jovem e nervoso advogado da BR Distribuidora, tremendo perante a uma avalanche de microfones, anunciava que a estatal não iria dar prazo. Entre as palavras de bonança do experiente juiz e os comentários do jovem advogado, boa parte da imprensa preferiu dar a sua manchete para a notícia ruim. A Anac - Agência Nacional de Aviação Civil também fez a sua parte com as palavras tranqüilizadoras do seu presidente, Milton Zuanazzi.

Neste contexto é necessário fazer justiça ao variguiano, o corpo funcional da companhia, que mesmo tendo a sua poupança previdenciária evaporada com a liquidação do Aerus e com os salários atrasados, está dando uma aula de civilidade e de amor a empresa. Todos estão unidos, trabalhando de forma ordenada e não deixando as manchetes virarem realidade. São poucas as companhias que possuem um corpo funcional tão dedicado e fiel. Eles demonstram que amam verdadeiramente a estrela brasileira que colocam no peito. Quem voou na Varig nos últimos dias não pode acreditar nas manchetes. Os vôos saíram nos horários, o serviço de despacho foi atencioso, as bagagens chegaram e tudo funcionou como sempre. Todos trabalhando com uma tremenda boa vontade. Quem desembarca contente de uma viagem com aviões cheios questiona na hora: por que tanta raiva contra a Varig?

A aviação que corre nas veias dos variguianos é patriótica e tem a cor verde-amarela. O refluxo das notícias positivas já voltou a acontecer e alguns veículos começaram a rever o seu ponto de vista e procuraram fazer justiça. Os passageiros mantiveram-se fiéis. Quem perde é a credibilidade da imprensa alarmista que utiliza o poder das manchetes para crucificar sem nenhum remorso um dos símbolos internacionais do Brasil. Faltam-lhe patriotismo e amor à soberania dos fatos. A imprensa brasileira vive uma crise epidêmica, na qual toda uma geração parece compreender que só existe compromisso com o fatalismo e a necessidade de transformar a desgraça alheia em manchete, sem se importar com os sofrimentos e prejuízos que possam causar.



Cláudio Magnavita é presidente nacional da Associação Brasileira de
Jornalistas de Turismo, membro do Conselho Nacional de Turismo e diretor do Jornal de Turismo.






Este está hospedado em JORNAL DE TURISMO - O jornal para quem vive do turismo!
http://www.jornaldeturismo.com.br

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sexta-feira, abril 21, 2006

Sobre o filme "HOSTEL" (O Albergue)

Voltando do trabalho nessa Quinta fomos assistir o tal proto-filme (Ricke disse que está indignado e revoltado, que a partir de hoje odeia o Quentin Tarantino), eu acredito que a proposta era mesmo fazer uma piada de mau gosto em cima dos filmes "Gore Galore" no estilo de "Saw" e semelhantes, algo tipo "Se é disso que vocês gostam...", uma crítica social meio perversa, que se anuncia já na cena do bordel que tem a mulher espancando o cara e dois dos "imbecis" do filme pagam pra ver... E claro, uma crítica direta ao sentimento de superioridade americana.
Mas observando sem nenhuma filosofia, o filme é mesmo uma boa merda e assim como alguns presentes na sala de cinema, quase abandonamos o filme na metade tamanha a frustração a cada cena...
Ao subir dos créditos finais, a única certeza era de termos perdido tempo e dinheiro.
Sim, tem o estilo do Tarantino, fruto da participação dele na produção. Não, não quer dizer que tenha o menor valor.

segunda-feira, março 13, 2006

Parque do Ibirapuera, Fevereiro de 2006

Eu e Rickie tentando fazer pose de modelo publicitário.

Em alguns momentos fico angustiado com essa vida de São Paulo, especialmente quando fico sozinho em casa. Por mais que eu saiba que é um momento de mudança e que logo vou ocupar meu tempo com trabalho, estudos e atividades esportivas, fico com a idéia fixa de fazer algo que importe, mas o que?

Não sei se um dia vou ter resposta pra isso, mas no momento me basta estar feliz e certo de poder contar com meus amigos e com as pessoas que amo.

Não poderia estar tão tranquilo se não me sentisse apoiado o tempo todo, acalentado... Sempre tem alguém pra me fazer sorrir, seja pessoalmente, pela Internet, pelo telefone... Fazer ver que vale a pena se relacionar com os outros. Pena de quem se isola. Ficar sozinho é muito chato.

No post anterior eu falei sobre amizade também, sobre amigos que têm vindo pra São Paulo me dar apoio moral, fazer companhia, compartilhar... Essas coisas... E hoje aqui parei mais uma vez pra pensar sobre amizade, pois retomei contato com o Lucas, um grande amigo que conheci em 1997 e com quem havia perdido contato por uns dois anos. Vim a saber que ele está morando em San Francisco na California e parece que está super bem, fiquei feliz! É bom saber que pessoas que gostamos estão bem! Senti muita saudade durante o tempo que fiquei sem contato com ele mas a culpa foi meio dos dois, nesses tempos de mudança de endereço, mudança de celular, mudança de e-mail e tudo o mais, só conseguimos ficar perto mesmo das pessoas que estão ao alcance dos olhos.

Na contrapartida lembrei da Cintia, que não por acaso me foi apresentada pelo Lucas. Cintia está morando na Alemanha mas justo agora que veio passar umas semanas no Brasil não tenho contato com ela! Eita que mundo enrrolado! Parece até meu papo com o Mafra, que quando morava na França falava mais comigo do que depois, quando mudou pra duas quadras ou quase isso perto de onde eu morava no Rio! E tem Joca e Newton, que falam comigo tão ativamente lá da Bahia que muitos amigos da antiga não sabem tanto da minha vida quanto eles!

Esse mundo internético é mesmo fantástico, amizade independe agora da proximidade física. Que bom! Posted by Picasa

sexta-feira, março 03, 2006

Foi um bom carnaval... Sem carnaval em Sampa!

Na sexta-feira antes de começar o Carnaval, recebi uma mensagem de meu amigo Erick, do Rio, dizendo que queria falar comigo urgente. Pensei logo que fosse algo relacionado ao Carnaval e Ricke, que estava comigo, pensou a mesma coisa. Assim que pude falar com Erick ele disse que junto com seu amigo Fabio de Belo Horizonte havia planejado de vir pra Sampa e queria saber entre outras coisas se poderiam ficar aqui em casa, além do que poderiam fazer na cidade e quanto gastariam.

Nem bem transformamos a pergunta dele num convite oficial a passar o Carnaval na cidade mais sem Carnaval do Brasil, ele já estava de malas prontas e prestes a informar o horário do ônibus para que eu soubesse a que horas chegaria, possivelmente Sábado pela manhã bem cedo, e assim foi.

Impressionante como amigos de verdade sempre estão dispostos a passar tempo uns com os outros, mesmo que seja passando todo tipo de desconforto! Na virada do ano a Nilly veio do Rio tabém e ficou uns dez dias aqui conosco e foi muito bom. Pro meu aniversário foi o Ever, outra presença impagável, vindo direto de Salvador. Agora, Erick. Pena que Ricke não estaria em casa antes da Segunda.

A paritr do momento que ele chegou nos divertimos muito, colocando o assunto em dia e planejando por alto o que poderiamos fazer na cidade. Logo que chegou ele estava com um outro amigo que passaria apenas o dia em Sampa, o Fabio ainda estava vindo de BH e só chegaria pela noite.

Claro que andamos por horas sem fim, subimos a Paulista inteira e ainda a pé fomos parar na República. A exaustão não permitiu andar mais do que isso e de metrô pra casa a um cochilo e algum programa pra "night"... Ops, em Sampa é "balada"...

Não vou entrar em detalhes sobre o que eu fiz ou deixei de fazer, só quero deixar registrado que fiquei muito feliz em receber mais um amigo aqui em Sampa, e o modo como Erick sentiu-se acolhido pelos outros moradores da casa me deixou mais feliz ainda, minha vida realmente está sendo estabelecida de uma forma muito saudável aqui.

Espero que essa casa continue sendo minha casa e continue fazendo com que meus amigos sintam-se em casa, como sempre gostei que eles pudessem.

Obrigado ao amor, à amizade e ao carinho, respectivamente.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

R.S.V.P.

Olá, caros amigos,

Estou aqui abrindo meu espaço público para compartilhamento de pensamentos.

Pensamentos não são compartilhados enquanto não se tornam expressão e por isso mesmo resolvi pensar alto.

Pensar alto é uma forma de expressão e de agora em diante, uma das minhas principais formas de comunicação.

Sei que não é sempre que temos paciência para ler o que os outros têm a dizer, então se você é do tipo que odeia textos relativamente longos e com excesso de referências cruzadas totalmente essenciais à compreensão do texto, sinta-se convidado a não aparecer mais por aqui e poupar-me o esforço de responder às suas reclamações.

Para ser realmente convidado a sentar aqui e tomar um chá comigo enquanto penso alto, tem que estar no mínimo inclinado a ser contrariado, questionado e irritado, só para no final eu dizer que gostei de compartilhar a companhia.

Agora se você é um dos meus queridos amigos, me desculpe, mas terá a solene obrigação de passar por aqui de tempos em tempos e entender do que estou falando mesmo quando eu não estiver falando nada, pois é para este fim que colecionamos amigos na vida, para dividirmos as alegrias e as dores do dia-a-dia.

Amizades são muito importantes para mim e como meus amigos de verdade sabem, são cultivadas e apreciadas ao longo do tempo.

Não se passa na rua oferecendo amizade e portanto eu também não estou aqui oferecendo a minha. Escrever um comentário de vez em quando não vai torná-lo meu amigo e se eu apagar o comentário não se ofenda, não quer dizer que te odeio, apenas desejo manter o comentário pra mim de forma egoísta, ou não acredito que ele mereça ser lido, mas você provavelmente nunca vai saber qual dos dois.

Para o amigo de verdade, que aceitar meu desafio de vir aqui de vez em quando, poderei retribuir apenas com um chá e algumas palavras.E não esperem que elas tenham muito valor, afinal, não passam de pensamentos que escaparam.