quinta-feira, agosto 17, 2006

São Paulo

Aqui estou.

Quase um ano depois da primeira vez que enfiei os pés nessa terra pela primeira vez, cheio de determinação, cheio de vontade, cheio de certezas e dúvidas.

Quase um ano depois da primeira vez que fui embora daqui contrariado, meio conformado, confuso, inseguro, abalado e com mais dúvidas ainda.

São Paulo finalmente me acolheu. Como uma falsa amiga.

Com todo o seu tamanho que de tão grande passa a ser ridiculamente pequena, a cidade das oportunidades mostra-se ridiculamente vazia, incapaz de te oferecer qualquer pedaço de satisfação que não seja cafajeste demais ou esnobe demais.

Querendo perverter minhas certezas a solidão da multidão me invade e o silêncio ensurdecedor do vazio que habita entre milhares de prédios insiste em me acordar no meio da madrugada.

Ela tenta me matar aos poucos, mas eu não deixo, a cidade que inebria e engana, tentando te fazendo acreditar na sua beleza o tempo todo só se prepara pra te soterrar.

Com todas as minhas forças escolho ser mais forte e invento um novo eu capaz de suportar.

Agora que estou vencendo, assim como tanto querem todos os malucos que abandonam suas terras para vir pra cá, essa terra cafetina me cobra o preço que bem entende pra comer as esquinas de suas ruas.

Enquanto celebro as vitórias do trabalho e do amor ela espera na porta, aguardando pelo primeiro momento de solidão pra me atormentar e me lembrar que aqui o amor é mais caro.

Aqui que diz ter tudo na verdade não tem nada. É o vazio.

De tudo o que consegui até aqui nada eu devo a você, São Paulo.

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