quarta-feira, novembro 26, 2008

Do Rio. De Janeiro. (post pós-postado)

ESTOU no Rio.

Gosto de enfatizar que “ESTOU” caracteriza uma condição transitória, como bem identificam nossos queridos e distintos verbos SER e ESTAR. Estou, do verbo “ logo não vou mais estar”.

Diferente de quando digo que SOU CARIOCA (aquilo que impunemente se diz de quem nasce na minha cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro), ESTAR no Rio é algo que logo vai mudar de volta ao normal. Para mim, ao menos, eu digo. Quanto a SER CARIOCA, quanto a isso, nada posso fazer a não ser viver conformado e feliz, carregando a condição de carioca, ignorando que existe uma distância entre o ideal e a realidade dessa condição. Do carioca idealizado eu tenho um pouco em mim. Do carioca real, tenho vergonha.

O mundo diz que o carioca “se acha”. Mentira dizer isso. O carioca não se acha, tem CERTEZA. E do alto dessa certeza, está constantemente reafirmando, com orgulho na voz, o quanto é melhor e mais esperto que todos os outros povos. Mesmo daqueles povos que ganham muito mais que o carioca e gastam seu rico dinheirinho pagando o salário... Do carioca. Nesse pensamento dá até pra acreditar que o carioca seja mesmo melhor, afinal, é preciso dominar muito esse mistério carioca da esperteza, da malandragem, pra convencer os povos endinheirados a vir pra cá e pagar o salário do mesmo carioca que presta um atendimento de péssima qualidade, que o assalta, o diminui... Mas até aí, tudo bem, vai ver que o carioca tem mesmo esse direito, afinal, que outro povo consegue seduzir tanto os outros povos do mundo sem ter nenhum atributo especial pra oferecer?

Já sei, a essa altura você deve estar se perguntando: Mas e as bundas bronzeadas da praia de Ipanema, adornadas por minúsculos fios dentais feitos da mais nova moda dos tecidos reciclados? E os corpos masculinos esculturais jogando vôlei de praia? Tudo bem, a praia tem seus méritos. Aliás, o carioca é muito bonito por natureza e pior de tudo, sabe disso.

A praia tem seu poder de democratização. Lá, ricos e pobres flertam uns com os outros, não há muito o que os separe. Nús, todos somos iguais. Nem mesmo a fala os distingue, já que aqui, mesmo quem estudou bastante tem orgulho de falar como se fosse um marginal. Falar e agir. Aliás, devem mesmo ser marginais, porque no verdadeiro marginal existe a dificuldade do acesso à cultura e à informação.

Acredito que o Rio já tenha sido, sim, uma cidade maravilhosa. Hoje, só o que me traz de volta pra cá são velhos amigos e familiares. E um certo gostinho de lembrar, igualzinho meus pais falam, que quando eu era mais novo, o Rio era bem diferente. Duvido que fosse tão melhor quanto eu achava. Mas me perdoem. Na época, eu era o carioca que acreditava ser o centro do universo.

Pobre de mim.

terça-feira, novembro 25, 2008

Oi? Passado! A onda? Ae Iou!

Desabafo puro.

Como assim que São Paulo nem assimilou a chegada da Oi na terra da garoa e já tem outra querendo dividir o espaço de "mais nova opção em telefonia celular num mercado tão saturado que é difícil fazer uma chamada nas horas em que você mais precisa". Como assim?

Seria mentir dizer que o paulistano nem se deu conta da chegada da Oi, afinal, qualquer cidadão que saia de casa um mínimo de uma vez por semana já foi parado na rua por algum louco de roxo, quase adventista do sétimo dia, querendo te convencer a desbloquear o seu celular para novas experiências sexuais e enfiar nele um chip da Oi, pra "testar", "ver se gosta". No mais perfeito estilo "se tiver bom deixa ficar".

Agora DU-VI-D-O-DO que você ou qualquer outro caríssimo paulistano, que sofra desse mal de nascimento ou por opção (como eu, orgulhosamente), já tenha visto alguma propaganda massacrante dessa AE IOU. Qualquer! Nenhuma? Bem vindo.

Gente, o que aconteceu, acabou a criatividade do mundo? Começando por uma empresa com esse nome, não demora teremos outras como "ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ" (estou em adaptação ao retorno glorioso do KWY).

"Nos finais de semana, ligue no meu TIM. Durante a semana, dias pares, ligue no meu Oi. Dias ímpares, ligue no meu Claro. No período da noite, ligue no meu AE IOU. E se um estiver desligado, vá tentando cada um dos outros até conseguir ou deixe uma mensagem".

Insólito.

Mas depois de tudo isso, boas vindas a essa concorrente de gosto duvidoso. Quem sabe assim as outras não começam a se dar conta que não estão sozinhas? Monopólio (poligopólio?) nunca é bom.


P.S.: Péssimo o vídeo proto-viral usando pseudo-celebridades do YouTube!


Vídeo de demonstração do lançamento:

segunda-feira, novembro 10, 2008

Retomando

Mais de dois anos depois (!!!) decido retomar esse cantinho.
Muita coisa mudou de 2006 pra cá: Passei com muito gosto por dois uniformes e estou no terceiro, com um novo e desejado par de asas no peito, as mesmas asas que tanto persegui mas só agora pronto para usá-las. Perdi amigos, uns por opção, outros, pelo destino. Perdi uma irmã de sangue e ganhei um irmão que não é de sangue mas é muito além disso. Me entendi com São Paulo e hoje vivemos um caso de amor muito feliz. Me desentendi de vez com o Rio de Janeiro e ainda sinto muito pelo que ele se tornou. Enxerguei um novo valor em algumas pessoas que cresceram na minha vida, inclusive deliciosos amigos de Salvador, de forma que tenho aprendido que nada acontece por acaso, nossas vidas são tão intimamente ligadas sem que houvesse nem possibilidade de que isso tudo acontecesse...
E é depois de tantas mudanças que resolvi retomar meus rascunhos aqui, pra exercitar por escrito o "penso, logo, existo".
Não esperem frequência nem sentido. Escrever não me completa, é quase um expurgo. Sinto, logo, escrevo.